Por que um produto de cuidado com a pele custa mais do que o outro?
- paulaluzstocco
- 1 de out.
- 2 min de leitura

Você já reparou como alguns produtos de skincare estão sempre à mão, nas prateleiras centrais da farmácia, enquanto outros ficam escondidos atrás do balcão? E já se perguntou por que a diferença de preço entre eles é tão grande? Será que o mais caro é sempre melhor?
A resposta envolve muita coisa além da embalagem bonita. É justamente a partir da minha experiência como dermatologista que quero explicar melhor essas diferenças.
Primeiro, precisamos entender que existem diferentes categorias. Os cosméticos, regulados pela Anvisa, são voltados para limpar, hidratar, perfumar e manter a pele em bom estado. Já os medicamentos precisam comprovar eficácia e segurança antes de serem vendidos. Entre os dois, estão os cosmecêuticos: produtos que podem provocar mudanças reais na pele, sem serem considerados remédios. Eles fazem parte do meu dia a dia de prescrição.
E o que mais pesa no preço? Os ingredientes. Produtos mais caros costumam trazer ativos em maior concentração, mais puros e com tecnologia diferenciada. O ácido hialurônico é um bom exemplo. Em fórmulas premium, aparece em diferentes pesos moleculares, garantindo hidratação em várias camadas da pele.
Já os cremes mais acessíveis, como o tradicional Nivea da latinha azul, usam emolientes simples, como glicerina e parafina. Funcionam, mas de forma mais básica.
Outro ponto é a tecnologia da formulação. Produtos de linha premium passam por testes clínicos, estudos de eficácia, controle de pH e até sistemas que liberam os ativos de forma prolongada. Isso encarece a produção, mas também garante mais segurança e resultados. Já os produtos populares seguem apenas as exigências mínimas da Anvisa, com fórmulas pensadas para funcionar em todo tipo de pele.
O posicionamento da marca também entra na conta. Empresas como La Roche-Posay, Vichy e Skinceuticals não vendem só um creme: vendem confiança, ciência e tradição junto aos dermatologistas. Já marcas como Nivea ou Johnson trabalham com escala, produção em massa e foco em acessibilidade.
Sem falar em embalagem e logística. Séruns sofisticados vêm em frascos de vidro escuro, com conta-gotas e proteção contra oxidação. Já hidratantes simples costumam vir em potes plásticos comuns. Produtos importados ainda carregam impostos e taxas, o que aumenta bastante o preço final.
Tem a questão da exposição nas prateleiras. Os produtos mais baratos estão sempre ao alcance dos olhos porque as marcas pagam caro por esses espaços. Já os dermocosméticos preferem manter uma imagem mais restrita, muitas vezes atrás do balcão, reforçando a ideia de que precisam de recomendação médica.
Agora, vale reforçar: barato não é sinônimo de ruim, assim como caro não significa automaticamente melhor. Um hidratante acessível pode atender muito bem quem tem pele jovem ou sem grandes necessidades. Ao mesmo tempo, um produto caro pode não cumprir tudo que promete se estiver mais ligado ao marketing do que à ciência.
No fim, a escolha certa depende de conhecer sua pele, prestar atenção nos ingredientes e, sempre que possível, buscar orientação médica. Porque, mais do que o preço na prateleira, o que realmente importa é fazer escolhas conscientes.
